Ela teimava, não me dizia o que eu queria ouvir. Ela só confessava a loucura de nossas vidas quando eu, enlouquecido, gritava e pedia que ela também gritasse, desvairada. Eu pedia pra ela descer do muro e ela só me olhava, feito felina acuada, enfurecidamente domesticada, precisando do conforto dos meus braços, sem querer confessar.
*******
Ela mentia, dizia do cansaço, repetia nãos com o peito ecoando sins, desconversava, olhava e nada dizia, só pra me ouvir insistir depois de tantas recusas. Por que eu sabia que ela me queria, embora ela não desse ouvidos à minha canção que pedia que ela ficasse comigo. Só comigo.
S. Rocha
A leitura continua
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
Na baixa do sapateiro
Morena, eu ando louco de saudade
Meu Senhor do Bonfim
Arranje outra morena igualzinha pra mim
Oh! amor, ai
Amor bobagem que a gente não explica, ai ai
Prova um bocadinho, ô
Fica envenenado, ô
E pro resto da vida é um tal de sofrer
Ôlará, ôlerê
Ary Barroso
Meu Senhor do Bonfim
Arranje outra morena igualzinha pra mim
Oh! amor, ai
Amor bobagem que a gente não explica, ai ai
Prova um bocadinho, ô
Fica envenenado, ô
E pro resto da vida é um tal de sofrer
Ôlará, ôlerê
Ary Barroso
domingo, 12 de dezembro de 2010
Fogo
Qual brasa ela me queima,
Espalha-se como um vírus
Consumindo meu corpo febril.
Uma batalha suave, enlouquecida.
Formosa e inquieta ela chega,
Num corpo escultural seminu
Vem e ateia logo fogo viril,
E dentre vales nada se contenha.
Forte, suculenta e delirante,
Vestida de cetim, poço do prazer
Penetra insistente até a exaustão
Leva a uma dormência ofegante
Sucumbindo todas as forças do ser.
É humanamente impossível ter razão.
sábado, 11 de dezembro de 2010
Um tom pra cantar
Cantar com a voz, cantar com a alma.
Cantar com a alma na voz, com voz na alma.
Cantar com lágrimas na voz, com o silêncio da alma.
Cantar e cantar.
Cantar e morrer.
Cantar e iludir.
Cantar o prazer.
Cantar e sonhar sonhos de ilusões,
Ouvindo os boleros silenciosos da vida
Os rocks errantes noturnos.
Bossa nova desafinada.
Vinho da felicidade que embriaga de tristeza.
Suor e Vinho
Na noite sem vinho Tu ias e eu vinha,Bebi e dancei no teu suor, De cima para baixo,
Em marcas múltiplas De dentro para fora.
Espalhadas em nós. Mover repetido e conexo. Nosso delírio sem igual. Nosso delírio sem igual.
E tu me dizias ofegante Na dança dos corpos
Palavras prazerosas, O tempo era cego,
Eu festejava. Por ver fontes tão quentes
Eu, viril, vibrava Transbordando tanto desejo.
Nosso delírio sem igual. Nosso delírio sem igual.
Nós
Sentado no meu quarto, ponho-me a pensar em nós. Nos nós empernados, nos braços amarrados, no vai e vem do amor, na loucura que embebia e enfraquecia os corpos. A noite era longa, o s s e g u n d o s d e m o r a d o s, como se o tempo quisesse eternizar o momento a ponto de nos esquecer no balanço da vida.
Sentado no meu quarto, ponho-me a pensar em nós. Nos nós empernados, nos braços amarrados, no vai e vem do amor, na loucura que embebia e enfraquecia os corpos. A noite era longa, o s s e g u n d o s d e m o r a d o s, como se o tempo quisesse eternizar o momento a ponto de nos esquecer no balanço da vida.
Nos amassos dos corpos afogado nos desejos, eu me perdia e gozava teus sussuros sedentos de prazer. A fraqueza das pernas, tantos membros energizados pelo fogo que imanava, que subia e sucumbia qualquer pudor, que desintegrava qualquer razão, nos deixando mais próximos daquilo que somos: irracionais.
quinta-feira, 2 de dezembro de 2010
Gente Humilde
Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece que acontece
De repente
Como um desejo de eu viver sem me notar
Igual a como, quando eu passo
Num subúrbio
Eu muito bem, vindo de trem
De algum lugar
Aí me dá uma inveja
Dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar
São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada, escrito em cima
Que é um lar
Pela varanda, flores tristes
E baldias
Como a alegria que não tem
Onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito de eu não ter
Como lutar
E eu não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar
Vinicius de Moraes
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Os Passistas
Vem,
Eu vou pousar a mão no teu quadril
Multiplicar-te os pés por muitos mil
Fita o céu,
Roda:
A dor
Define nossa vida toda
Mas estes passos lançam moda
E dirão ao mundo por onde ir.
Ás vezes tu te voltas para mim
Na dança, sem te dares conta enfim
Que também
Amas
Mas, ah!
Somos apenas dois mulatos
Fazendo poses nos retratos
Que a luz da vida imprimiu de nós.
Se desbotássemos, outros revelar-nos-íamos no Carnaval.
Roubemo-nos ao deus Tempo e nos demos de graça "a beleza total, vem.
Nós,
Cartão Postal com touros em Madri,
O Corcovado e o Redentor daqui,
Salvador,
Roma
Amor,
Onde quer que estejamos juntos
Multiplicar-se-ão assuntos de mãos e pés
E desvãos do ser.
Caetano Veloso
http://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/os-passistas.html#ixzz16gQyA3Uq
Eu vou pousar a mão no teu quadril
Multiplicar-te os pés por muitos mil
Fita o céu,
Roda:
A dor
Define nossa vida toda
Mas estes passos lançam moda
E dirão ao mundo por onde ir.
Ás vezes tu te voltas para mim
Na dança, sem te dares conta enfim
Que também
Amas
Mas, ah!
Somos apenas dois mulatos
Fazendo poses nos retratos
Que a luz da vida imprimiu de nós.
Se desbotássemos, outros revelar-nos-íamos no Carnaval.
Roubemo-nos ao deus Tempo e nos demos de graça "a beleza total, vem.
Nós,
Cartão Postal com touros em Madri,
O Corcovado e o Redentor daqui,
Salvador,
Roma
Amor,
Onde quer que estejamos juntos
Multiplicar-se-ão assuntos de mãos e pés
E desvãos do ser.
Caetano Veloso
http://www.vagalume.com.br/caetano-veloso/os-passistas.html#ixzz16gQyA3Uq
domingo, 28 de novembro de 2010
Adeus você
Adeus você.
Não venha mais me negacear.
Teu choro não me faz desistir, teu riso não me faz reclinar.
Acalma essa tormenta e te agüenta, que eu vou pro meu lugar.
É bom, às vezes, se perder sem ter porque, sem ter razão.
É UM DOM SABER ENVAIDECER, POR SI, SABER MUDAR DE TOM. Quero não saber de cor, também...
Para que minha vida siga adiante.
Para que minha vida siga adiante.
Para que minha vida siga adiante.
Para que minha vida siga adiante.
LOS HERMANOS
http://www.vagalume.com.br/los-hermanos/adeus-voce.html#ixzz16dT9lG00
Não venha mais me negacear.
Teu choro não me faz desistir, teu riso não me faz reclinar.
Acalma essa tormenta e te agüenta, que eu vou pro meu lugar.
É bom, às vezes, se perder sem ter porque, sem ter razão.
É UM DOM SABER ENVAIDECER, POR SI, SABER MUDAR DE TOM. Quero não saber de cor, também...
Para que minha vida siga adiante.
Para que minha vida siga adiante.
Para que minha vida siga adiante.
Para que minha vida siga adiante.
LOS HERMANOS
http://www.vagalume.com.br/los-hermanos/adeus-voce.html#ixzz16dT9lG00
sábado, 27 de novembro de 2010
“Acho que a gente é que é feliz...”
Nesta cidade entre rios,
As ruas viram leitos
De corações adormecidos
E olhares tão vermelhos.
A vagar por entre as praças,
A correr sempre e demais,
Suas vidas pouco importam,
Só o trabalho e nada mais.
Quando em casa se encontram,
Parecem mais estar na rua,
Sem paredes, sem cômodos
Numa pobreza assustadora e crua.
A humilhação, a fome, a frustração
São mais vivas neles que a própria vida
Que se arrasta lentamente.
Vida sempre esquecida.
Acho que a gente é que é feliz...
....
As ruas viram leitos
De corações adormecidos
E olhares tão vermelhos.
A vagar por entre as praças,
A correr sempre e demais,
Suas vidas pouco importam,
Só o trabalho e nada mais.
Quando em casa se encontram,
Parecem mais estar na rua,
Sem paredes, sem cômodos
Numa pobreza assustadora e crua.
A humilhação, a fome, a frustração
São mais vivas neles que a própria vida
Que se arrasta lentamente.
Vida sempre esquecida.
Acho que a gente é que é feliz...
....
quarta-feira, 10 de novembro de 2010
ANTES DE LER, COLOQUE A MÚSICA PARA EXECUTAR
Todo carnaval tem seu fim
A banda no clube toca suas músicas preferidas e Ele, no entanto, está do lado de fora, esperando como de costume. Ele havia feito diferente. Para àquela noite haveria preparado algo especial para encantá-la, aprendera uma música que com muita coragem ousaria tocar, para o deleite de sua amada. A banda continua a tocar no clube e Ele ainda espera, espera e espera. Olha avidamente para todos os cantos e recantos da praça, na vontade de que seu olhar anuncie a chegada tão esperada, para que, em vez de trombetas, os solos de guitarras que a poucas conquistam, começam a tocar dentro de si.
Para essa noite nem se deu o trabalho de colocar o relógio, não queria ver o tempo passar, nem se preocupar com o horário do ônibus. Tudo estava tão claro em sua cabeça, tudo estava tão milimetricamente exato em seu pensamento. Não eram pensamentos embebidos da paixão causada no primeiro encontro, nem das decepções contidas no terceiro. Parecia que nele havia se realizado um encontro único: o dele consigo mesmo! Era algo tão consistente, que alcançava os mais próximos, causando admiração e espanto.
Combinaram de se encontrar ali, naquele exato local, para comemorar sabe-se lá o que. Era apenas um pretexto para que cometessem, mais uma vez, o pecado de amar. As conversas sempre foram indecisas, as propostas esdrúxulas, excêntricas. Não existiam promessas, apenas a vontade de estar próximo. Uma busca inexplicável de um bem estar indescritível.
Quando, de repente, Ele escuta a banda executar a música que, de forma tão delicada, havia ele preparado para embalar a noite dos amantes, noite que tinha imaginado tantas vezes quando ensaiava em casa, de frente para o espelho. Era a última musica a ser tocada naquela noite. A banda já se despedia. As pessoas já procuravam os destinos incertos oferecidos pela madrugada. Ele estava incrédulo.
“E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? E agora, você? Você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? E agora, José? [...] o bonde não veio, o riso não veio, não veio a utopia e tudo acabou, e tudo fugiu e tudo mofou, e agora, José?”
Ele então, voltou para casa, pegou seu instrumento e foi para frente do espelho, ensaiar mais uma vez, na ilusão de que seus olhos projetassem o que não saia do seu pensamento.
Lá Dó em Mi Sol
Fica aqui comigo,
Encosta no meu corpo.
Quero te mostrar a melodia que criei,
Quero desafinar meus sentimentos,
Harmonizar as notas no esquecimento.
Deixa que eu faça ecoar em ti
Os sons aqui sepultados
Tudo tão fora do ritmo,
Com andamentos alterados,
Em passos descompassados.
Quero que fiques assim comigo
Até que eu perca a voz,
Até que meus dedos exauridos,
Não mais consigam te comprimir,
Até que nota alguma ouse ressoar.
Fica comigo até que o sono chegue,
Para que, cansado, eu não possa sonhar.
Para quem sabe assim, na madrugada,
Eu não acorde num despertar insano
E não te faça, pois, refém da minha dor.
Encosta no meu corpo.
Quero te mostrar a melodia que criei,
Quero desafinar meus sentimentos,
Harmonizar as notas no esquecimento.
Deixa que eu faça ecoar em ti
Os sons aqui sepultados
Tudo tão fora do ritmo,
Com andamentos alterados,
Em passos descompassados.
Quero que fiques assim comigo
Até que eu perca a voz,
Até que meus dedos exauridos,
Não mais consigam te comprimir,
Até que nota alguma ouse ressoar.
Fica comigo até que o sono chegue,
Para que, cansado, eu não possa sonhar.
Para quem sabe assim, na madrugada,
Eu não acorde num despertar insano
E não te faça, pois, refém da minha dor.
terça-feira, 9 de novembro de 2010
segunda-feira, 8 de novembro de 2010
Scrivimi
Renato Russo
Scrivimi
quando il vento avrà spogliato gli alberi
Gli altri sono andati al cinema
ma tu vuoi restare sola
Poca voglia di parlare
allora scrivimi
Servirà a sentirti meno fragile
quando nella gente troverai
solamente indifferenza
tu non ti dimenticare mai di me
E se non avrai da dire
niente di particolare
non ti devi preoccupare
io saprò capire
A me basta di sapere
che mi pensi anche un minuto
perché io so accontentarmi
anche di un semplice saluto
Ci vuole poco
per sentirsi più vicini
Scrivimi
quando il cielo sembrerà più limpido
Le giornate ormai si allungano
Ma tu non aspettar la sera
se hai voglia di cantare...
Scrivimi
anche quando penserai che ti sei innamorata
Tu scrivimi
Dreamer
Dreamer, you know you are a dreamer
well, can you put your hands in your head, oh no!
I said dreamer, you´re nothing but a dreamer
well, can you put your hands in your head oh no!
I said: far out, what a day, a year, a life it is
you know well you know you had it coming to you
now there´s not a lot i can do
dreamer, you stupid little dreamer
so now you put your head in your hands, oh no!
I said: far out, what a day, a year, a life it is!
You know well you know you had it coming to you
now there´s not a lot i can do
if i could see something
you can see anything you want boy
if i could be someone
you can be anyone celebrate boy
if i could do something
well you can do something
if i could do anything
well, can you do something out of this world
take a dream on sunday
take a life, take a holiday
take a life, take a dreamer
dream, dream, dream, dream, dream along
dreamer, you know you are a dreamer
well, can you put your hands in your head oh no!
I said dreamer, you´re nothing but a dreamer
well, can you put your hands in your head
oh no! Oh no!
domingo, 31 de outubro de 2010
Aquela casa em pedaços revela muito do que já fui...
Portas e janelas intactas, feitas de madeira inoxidável, Como as lembranças que percorrem a mente. Era difícil para Ele entender o porquê de tudo. O telhado se degradava, os membros da família dos termitídeos cumpriam bem suas obrigações, mas cada recordação trazida por sua memória parecia intensamente viva. Ao entrar na sala era possível ver os rostos ligados na primeira televisão preto e branco, nos ruídos do rádio AM. Rostos inocentes, que mal alcançavam os tornos de armar rede, e que hoje se curvam ao passar nas portas, riem ao lembrar-se das travessuras, dos flertes fortuitos, das brincadeiras no terreiro.
A casa cheia, as velas que transbordavam nos pratos sobre a mesa, todos postos ao redor do oratório, aquele reza sem fim, aquele medo sobrenatural vindo do quarto escuro, e as lagrimas escorriam pelo rosto, na certeza de que o tempo conduz nossas vidas. O tempo é o maior dos deuses.
A cada cômodo uma nova sensação, a memória se encarregava de encher os olhos, os ouvidos, as bocas, até o nariz – parecia poder sentir o cheiro das pessoas, da comida no fogão a lenha – tudo era tão vivo e morto ao mesmo tempo, algo indescritível para um coração tão sensível. Lembrar do que se foi é tarefa árdua, por demais difícil, que consome a alma, o espírito, o coração, a mente...
Ali, envolvido por todo aquele universo, sentia as paredes do tempo a lhe comprimir, empregando sua pisada infalível. Ele sentou, chorou, riu e foi embora levando consigo tudo o que lhe restara: sua pobre e complicada vida de adulto.
Portas e janelas intactas, feitas de madeira inoxidável, Como as lembranças que percorrem a mente. Era difícil para Ele entender o porquê de tudo. O telhado se degradava, os membros da família dos termitídeos cumpriam bem suas obrigações, mas cada recordação trazida por sua memória parecia intensamente viva. Ao entrar na sala era possível ver os rostos ligados na primeira televisão preto e branco, nos ruídos do rádio AM. Rostos inocentes, que mal alcançavam os tornos de armar rede, e que hoje se curvam ao passar nas portas, riem ao lembrar-se das travessuras, dos flertes fortuitos, das brincadeiras no terreiro.
A casa cheia, as velas que transbordavam nos pratos sobre a mesa, todos postos ao redor do oratório, aquele reza sem fim, aquele medo sobrenatural vindo do quarto escuro, e as lagrimas escorriam pelo rosto, na certeza de que o tempo conduz nossas vidas. O tempo é o maior dos deuses.
A cada cômodo uma nova sensação, a memória se encarregava de encher os olhos, os ouvidos, as bocas, até o nariz – parecia poder sentir o cheiro das pessoas, da comida no fogão a lenha – tudo era tão vivo e morto ao mesmo tempo, algo indescritível para um coração tão sensível. Lembrar do que se foi é tarefa árdua, por demais difícil, que consome a alma, o espírito, o coração, a mente...
Ali, envolvido por todo aquele universo, sentia as paredes do tempo a lhe comprimir, empregando sua pisada infalível. Ele sentou, chorou, riu e foi embora levando consigo tudo o que lhe restara: sua pobre e complicada vida de adulto.
Quase Nada
De você sei quase nada
Pra onde vai ou porque veio
Nem mesmo sei
Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho?
Será um atalho?
Ou um desvio?
Um rio raso?
Um passo em falso?
Um prato fundo?
Pra toda fome
Que há no mundo
Noite alta que revele
Um passeio pela pele
Dia claro madrugada
De nós dois não sei mais nada
Se tudo passa como se explica
O amor que fica nessa parada
Amor que chega sem dar aviso
Não é preciso saber mais nada
Zeca Baleiro
Pra onde vai ou porque veio
Nem mesmo sei
Qual é a parte da tua estrada
No meu caminho?
Será um atalho?
Ou um desvio?
Um rio raso?
Um passo em falso?
Um prato fundo?
Pra toda fome
Que há no mundo
Noite alta que revele
Um passeio pela pele
Dia claro madrugada
De nós dois não sei mais nada
Se tudo passa como se explica
O amor que fica nessa parada
Amor que chega sem dar aviso
Não é preciso saber mais nada
Zeca Baleiro
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Vozes veladas
Escutei um dia uma voz tão bem definida,
Distinta à distância de tantas outras.
Harmoniosa, compreensiva, livre,
Ouvi-la era um alívio.
Vivemos em época de poluição desmedida!
Voz assim é raridade em nossos tempos,
Não dar atenção, não abrir-lhe os ouvidos
Parece ser desprezar um presente
Dado com a mais pura intenção,
Como ter um coração sem gratidão.
Mas, todas as vozes têm algo em comum,
São sons! Eles se repetem e acabam por ser iguais.
A diferença pode estar no timbre,
No tom que possuem,
Na nota que alcançam.
Porém, no fim, são sons que se igualam,
Parecem ecoar no mesmo vazio
Sem maiores pretensões,
Anulando o que de fato é, ou foi, ou será...!?
Distinta à distância de tantas outras.
Harmoniosa, compreensiva, livre,
Ouvi-la era um alívio.
Vivemos em época de poluição desmedida!
Voz assim é raridade em nossos tempos,
Não dar atenção, não abrir-lhe os ouvidos
Parece ser desprezar um presente
Dado com a mais pura intenção,
Como ter um coração sem gratidão.
Mas, todas as vozes têm algo em comum,
São sons! Eles se repetem e acabam por ser iguais.
A diferença pode estar no timbre,
No tom que possuem,
Na nota que alcançam.
Porém, no fim, são sons que se igualam,
Parecem ecoar no mesmo vazio
Sem maiores pretensões,
Anulando o que de fato é, ou foi, ou será...!?
Não, não
Não!
O medo nos afeta,
A incerteza nos afoga,
Impedem que palavras certeiras
Disparem como balas de revólver.
O que podemos é dizer Não.
Presos,
Pensamos que,
Se pensássemos mais um pouco,
Pararíamos de pensar...
Soltos,
Ficaríamos tão presos quanto antes.
A consciência assim determinaria.
Levar-nos-ia às dores das quais fugimos.
Esconder parece agredir mais.
Não enfrentar perturba mais.
Mas, parecemos estar bem...
Na verdade é o que queremos.
(nem) Tudo está bem, quando termina bem!
O medo nos afeta,
A incerteza nos afoga,
Impedem que palavras certeiras
Disparem como balas de revólver.
O que podemos é dizer Não.
Presos,
Pensamos que,
Se pensássemos mais um pouco,
Pararíamos de pensar...
Soltos,
Ficaríamos tão presos quanto antes.
A consciência assim determinaria.
Levar-nos-ia às dores das quais fugimos.
Esconder parece agredir mais.
Não enfrentar perturba mais.
Mas, parecemos estar bem...
Na verdade é o que queremos.
(nem) Tudo está bem, quando termina bem!
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
homens!?
Um homem vive a procura de amor
seduzido pelo desejo de amar,
mal sabe este senhor
a dor que essa procura o trará.
Viverá desilusões,
sofrerá com paixões
a fim de desejar amar.
E no fim de sua procura
trará consigo muita censura
e um desejo maior ainda de amar.
seduzido pelo desejo de amar,
mal sabe este senhor
a dor que essa procura o trará.
Viverá desilusões,
sofrerá com paixões
a fim de desejar amar.
E no fim de sua procura
trará consigo muita censura
e um desejo maior ainda de amar.
Sobre a felicidade
Gás volátil,
vai-se com o vento
e só com o tempo
será capaz de retornar.
Resta-nos cinzas
escassas e dispersas
que, por vaidade nossa
tentamos focilizar.
Não chores minha linda flor
ela não tarda voltar
para ilusão tua.
Efêmera, tosca e estéril.
vai-se com o vento
e só com o tempo
será capaz de retornar.
Resta-nos cinzas
escassas e dispersas
que, por vaidade nossa
tentamos focilizar.
Não chores minha linda flor
ela não tarda voltar
para ilusão tua.
Efêmera, tosca e estéril.
Vida que segue
Força! Força! Você consegue!
De repente um choro de vida toma o lugar da dor,
a alegria invade o cubículo fhechado a bater dentro do peito...
Pobre Ana Maria, nunca sentira tanta dor e tanta alegria dentro de si.
Não resistiu! Tornou a sentir dor, pois seu peito era frágil,
delicado como um botão de flor.
A vida deixa marcas absurdas nos seres viventes. Ana Maria tinha marcas
desde que nasceu. Marcas da dor, do pecado, da ilusão que é o amor, e agora
estava alí, vendo outra vida surgir das mesmas marcas e com as mesmas marcas...
Era algo insuportável...
Não resistiu!
Na ficha de óbito as seguites incrições:
Idade: 16 anos
Sexo: feminino
Nome: Esperança
De repente um choro de vida toma o lugar da dor,
a alegria invade o cubículo fhechado a bater dentro do peito...
Pobre Ana Maria, nunca sentira tanta dor e tanta alegria dentro de si.
Não resistiu! Tornou a sentir dor, pois seu peito era frágil,
delicado como um botão de flor.
A vida deixa marcas absurdas nos seres viventes. Ana Maria tinha marcas
desde que nasceu. Marcas da dor, do pecado, da ilusão que é o amor, e agora
estava alí, vendo outra vida surgir das mesmas marcas e com as mesmas marcas...
Era algo insuportável...
Não resistiu!
Na ficha de óbito as seguites incrições:
Idade: 16 anos
Sexo: feminino
Nome: Esperança
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
o som que ecoa em mim
Espero-te apreensivo, calado, imóvel.
Encontro-te displicente, incoerente, só.
Só o que resta é desejar sem te ter
Compreender sem reclamar.
Pois tu não me pertences,
Nem pertences a ti mesmo...
Entretanto, és o som que ecoa em mim
A melodia que aqui fez raiz.
Encontro-te displicente, incoerente, só.
Só o que resta é desejar sem te ter
Compreender sem reclamar.
Pois tu não me pertences,
Nem pertences a ti mesmo...
Entretanto, és o som que ecoa em mim
A melodia que aqui fez raiz.
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