Pinto nesta tela com cores
Que não consigo distinguir.
Faço traços, me perco nos rabiscos
Sem consciência do produto final.
Eles vão tomando forma e vida,
Saltam da tela palpitando,
Recriando possibilidades infinitas
Na ânsia de personificar qualquer coisa.
Embriagado pela brancura da folha
Quero preencher a todo custo
O branco silêncio que se apresenta
Desafiando minhas faculdades.
Cada traço vira um som, uma palavra.
Por vezes um conforto sedutor,
Que, mesmo dotado de suavidade
Não é suficiente para embriagar-me.
No fim do dia quando vem o silêncio
Encontro-me diante de outra tela.
Eis que faço nova todas às cores
Num ciclo intenso de ressurreição.
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